quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sem cor, finjo que não existo sem cor ..

Sem cor me encontro.
Cores que outrora via brilhar, vejo agora apagarem-se, diante de mim, como que se fosse o vento que por elas passava e que elas levava. As vezes uma brisa, outra vezes uma tempestade.. A verdade é que as cores estão a ir, uma por uma, e eu vejo-as partir.

As cores da terra, as cores do ceu, as cores das pessoas, as cores das minhas pessoas, a cor do Mundo.. As minhas cores.

Mil cores, mil brilhos. Mil misturas que pintavam a minha vida.
Pintavam-na delicadamente, sem borrar.
Umas vezes com linhas e curvas concretas, outras vezes mais abstractas, mas sempre com brilho, com vida.

Agora tudo parece baralhado.
Cores que se cruzam com desarmonia, cores que riscam tudo ao seu redor, cores que pintam sem pensar onde, cores que estão e não estão, cores que se apagam quando mais preciso que vivam, cores que simplesmente já não pintam, porque não querem, porque não sabem, porque não sentem mais que devem pintar.

E eu vejo acontecer.. Finjindo que nada acontece, sorrindo como se cores tivesse.
Lamentando tal desordem, sentindo falta das minhas pinturas. Perdendo-me a mim no meio de tanta tinta.

Sem cor vou ficando, com o tempo que passa sem parar. Mas não posso deixar.
Está na altura de pegar na minha vida, de voltar a pintá-la.
Está na altura de recuperar as cores que tinha e agarrar as cores que ainda tenho.
De arranjar novas cores, novos traços, novas pinturas.
Deixar ir as que sentem que devem ir, ordenar as que agora pintam sem ordem.
Misturar cores que nunca pensei misturar, voltar a tentar se for caso disso.


Está na altura de ser eu a pintar, com o que devo, com o quero, com o que gosto, com o que sinto.

3 comentários:

  1. «Deixar ir as que sentem que devem ir, ordenar as que agora pintam sem ordem.
    Misturar cores que nunca pensei misturar, voltar a tentar se for caso disso».

    <3

    ... E saber que no final, a pintura nunca fica como quando a imaginámos. Quantas vezes descobrimos isso logo ao primeiro traço! Mas cada novo traço transforma-a em algo diferente, algo único. Só continuando é que poderemos ver a sua beleza a crescer, que pode ser umas tantas vezes maior do que a melhor que podiamos ter imaginado se lhe dermos a oportunidade de brilhar por aquilo que é e não por aquilo que deveria ser.



    Afi'Lidjinha, ahah.

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  2. Sentes que as cores se apagam porque não pegas tu no pincél para as pintares. Deixas-te apenas ser tela e que o resto das pessoas sejam os pintores. Só que nem sempre se pintam coisas bonitas mas tu, como tela, deixas-te pintar à mesma. Em vez de mudares o papel da tela depois disso, colocas o mesmo dentro de uma moldura e ficas, triste, a olhar para ela, assim como para tantas outras más pinturas que já foram pintadas. Agarra num pincel e pinta a tua personalidade, sai do papel da jovem que não faz mal a ninguém e ganha cores próprias para ver se deixas de espelhar apenas as cores dos outros.

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  3. Tipo, e assinarem os comentários, se conhecem?
    Pelo menos, quem fala assim deve conhece-la muito bem, sem duvida.. Ridiculo.

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